quarta-feira, 27 de março de 2013

O naturalismo de Émile Zola

O naturalismo de Émile Zola


Aqui estou de volta (que redundância), para pesquisar sobre os autores que vamos ler e sobre o movimento literário em que estes se encaixam. Não somos estudiosos de literatura, mas é sempre interessante saber coisas. Após as picantes e engraçadas histórias do Decamerão, resolvemos ler dois autores brasileiros, Júlio Ribeiro e Aluísio de Azevedo, representantes do naturalismo no Brasil, movimento fundado pelo francês Émile Zola.
Émile Zola foi o idealizador e principal figura do naturalismo. Chamado de “príncipe do naturalismo por Júlio Ribeiro”.
Necessario se faz conhecer o criador. Então vamos dar uma olhada na produção de Zola.
Thérèse Raquin, seu primeiro romance com larga repercussão, apresenta inúmeras inovações que permitem classificá-lo como primeira obra naturalista. Pela primeira vez, Zola combina algumas das teorias mais polêmicas de sua época, tais como darwinismoevolucionismo e determinismo científico, compondo o primeiro romance de tese já escrito ("um grande estudo fisiológico e psicológico", segundo ele próprio). Zola propõe não um simples romance, mas uma análise científica pormenorizada do ser humano, da moral e da sociedade. Thérèse Raquin tornou-se, portanto, marco inicial de um novo movimento literário, oriundo da análise científica e experimental do ser humano: o Naturalismo.
Inspirado pela colossal obra A Comédia Humana (constituída por 89 romances, novelas e contos) de Honoré de Balzac, um dos mestres da literatura francesa, Zola iniciou, em 1871, seu grande projeto: a série Os Rougon-Macquart (Les Rougon-Macquart) à qual deu o subtítulo de história natural e social de uma família sob o segundo império, composta por 20 romances de cunho naturalista, escritas entre 1871 e 1893. No prefácio de A Fortuna dos Rougon(La Fortune des Rougon, 1871), primeiro volume da saga dos Rougon-Macquart, Zola justifica:
Eu desejo explicar como uma família [os Rougon-Macquart], um grupo reduzido de seres humanos, conduz a si mesma dentro de um determinado sistema social (…) dando origem a dez ou vinte membros, que, embora possam parecer, à primeira vista, profundamente divergentes uns dos outros, são, como a análise demonstra, mais intimamente ligados por meio da afinidade. Hereditariedade, como a gravidade, tem suas leis.
Entre os principais romances de Os Rougon-Macquart estão: O Ventre de Paris (Le Ventre de Paris, 1873), A Terra (La Terre, 1887), Nana (1880) e Germinal (1885).
Em sua obra (especialmente em Rougon-Macquart), Zola tentou empregar o método científico vigente em seu tempo, apresentando a influência da hereditariedade e do meio na formação da personalidade individual (determinismo científico). Tal rigor científico aliado a sua habilidade de criar textos documentais, confere veracidade a seus romances.
Zola escreveu uma segunda série intitulada As três cidades, sobre problemas religiosos e sociais. Atraído pelas teorias socialistas e depois evoluindo para uma visão messiânica do destino humano, escreveu uma terceira série, Os quatro evangelhos, que ficou incompleta, com a sua morte.
Apesar da qualidade literária de seus escritos e de sua obstinação, nunca integrou a Academia Francesa de Letras. Sua candidatura foi apresentada 24 vezes.[1][2]
Em 1881 Zola lança sua obra-prima Germinal. Para escrevê-lo, o autor não se contentou com a pesquisa, foi direto à fonte. Passou dois meses trabalhando como mineiro na extração de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu nas mesmas tavernas para se familiarizar com o meio. Sentiu na carne o trabalho sacrificado, a dificuldade em empurrar um vagonete cheio de carvão, o problema do calor e a umidade dentro da mina, o trabalho insano que era necessário para escavar o carvão, a promiscuidade das moradias, o baixo salário e a fome. Além do mais, acompanhou de perto a greve dos mineiros, por isso sua narração é tão impactante. A força de Germinal causou enorme repercussão, consagrando Émile Zola como um dos maiores escritores de todos os tempos. (Wikipedia)
Em  Abril, no canal pago GNT, começará a série mais vista naTV inglesa e americana: a saga de uma Família em Downton Abbey. Vamos lá acompanhar, desnudará uma sociedade? O que nos mostrará sobre seus personagens?

sexta-feira, 22 de março de 2013

Obras lidas pelo clube. By Rayc Soares

CLUBE DO LIVRO: DATAS DAS REUNIÕES E OBRAS LIDAS
by Rayc Soares

 Olá pessoal, cada um conta com as armas que têm, então conto com meus participantes do clube. Rayc é sem dúvida ótimo para nos lembrar datas. Então vai aí sua colaboração para o blog, desde o princípio.

1 - 31/07/2010

As aventuras de Huckleberry Finn – Mark Twain

 Adoramos, até hoje discutimos este livro.

2 - 11/09/2010

As aventuras de Tom Sawyer – Mark Twain

 The best, gente. Diversão imperdível. A cena do gato tomando xarope, vale a leitura.

3 - 07/11/2010

Menino de engenho – José Lins do Rego

Capitães da areia – Jorge Amado

 Não tínhamos lido nada de nenhum dos dois escritores. Fica a dica. Perfeitos. Já o filme Capitães de areia não chega ao pé da obra.

4 - 19/02/2011

As viagens de Gulliver – Jonathan Swift

 Lembrou-nos a serie americana, Lost . Já leu, releia.

5 - 02/04/2011

O Conde de Monte Cristo – Alexandre Dumas
Levantou a discussão: a personagem feminina Mercedes deveria ou não ter esperado pelo amado? Eu acho que sim, afinal Penélope fazia e demanchava o tapete à noite esperando Ulisses.



6 - 11/06/2011

Dom Quixote de la Mancha – Miguel de Cervantes

 600 anos depois, continua o viajante errante em cada um de nós.

7 - 06/08/2011

Perfil de uma mente criminosa – Brian Innes


 A tradução deixa a desejar.


8 - 22/10/2011

Assassinato no expresso do oriente – Agatha Christie

 Para os loucos por ficção policial, eis Poirrot sempre vivo.

9 - 27/11/2011

Um estudo em vermelho – Sherlock Holmes – Sir Arthur Conan Doyle
A saga policial continua. A história é perfeita. Imperdível o primeiro romance de Conan Doyle

O meu pé de laranja lima – José Mauro de Vasconcelos

 Para chorar baldes de lágrimas, mas a história é linda, levantaria certa polemica. Vale cada lágrima.

10 - 10/03/2012


Xangô de Baker Street/Assassinatos na academia brasileira de letras – Jô Soares.

 e todos os livros do Jô, recomendadíssimos.

11 - 26/05/2012

O Ateneu – Raul Pompeia
 Levantou a questão da educação. Muitos acharam a leitura super erudita. Eu adorei rever.
Doidão – José Mauro de Vasconcelos
Fica nos devendo o autor. Quando a história termina a gente se pergunta; Como assim?
O queijo e os vermes – Carlo Ginzburg

 Vale a qualquer hora. Batemos o carimbo.

12 - 30/06/2012

Grito de guerra da mãe-tigre – Amy Chua
 Descubrimos se fomos ou não uma mãe tigre. Fui mãe onça, na minha terra não tem tigre.
Feliz ano velho – Marcelo Rubens Paiva

 Levantou polêmica as cenas picantes na nova versão. Vale ler todos os livros de Marcelo

13 - 27/09/2012

Travesuras de la niña mala – Mario Vargas Llosa
Nota 10 para nosso premio Nobel., a história é muito marcante. 

Os três mosqueteiros – Alexandre Dumas
 Dumas aí de novo gente. Com o novo filme, vale cada página.
Quincas Borba – Machado de Assis
 Ler e reler sempre.
14 – 02/03/2013

Decamerão – Giovanni Boccaccio
Rir é o melhor remédio.

terça-feira, 12 de março de 2013

Apresentação


Ler e comer é só querer: a união em um só prazer
Este blog é continuação de um projeto que iniciei com alguns amigos em 2010. Começar um clube, o clube do livro, onde pudesse juntar pessoas que gostassem de ler e de comer, claro.  No primeiro ano escrevi um livro: Ler e comer é só querer: a união em um só prazer. Não publiquei, ficou apenas e-book. No segundo ano, comecei a guardar os e-mail e me deu vontade de fazer um blog. Não tinha coragem de postar, ou melhor tinha medo de não conseguir fazer algo bacana. Resolvi: vou tentar. Já havia assistido ao filme Julie e Julia estrelado por Mery Streep e Amy Adams. Um fantastico banquete, onde a personagem Julia cria um blog para contar seus experimentos com as receitas de Julie. E depois de ler o blog da Adriana Haddad me perguntei: porque não?
Adriana se propôs a fazer um bolo diferente durante os 365 dias do ano e postar todas as suas experiencias. Achei o máximo, nossa diferença é que “Dri”, como é carinhosamente chamada, é profissional da gastronomia, eu sou apenas curiosa no quesito cozinha.
Duas coisas:  adoro ler e adoro cozinhar. Por causa disto comecei meu clube do livro, para juntar os amigos em leituras agradáveis, conversar, comer, viajar pelas leituras quando não posso ir pessoalmente. Quanto as comidas tentamos sempre um cardapio de acordo com o livro que estamos lendo, assim se o autor é frances, o menu também o será. Digo isto no plural porque quem cozinha ou sou eu, ou Marinês e sempre somos nós quem decidimos o cardapio. Muito democrático, há,há, há. 
O clube entra agora no seu terceiro ano, com novos personagens e já estamos nos reunindo desde  março. O problema é que é difícil reunir uma turma tão diferente em um só dia, então as vezes somos só 4 ou 6 de um grupo que outrora já foi 12. Éramos seis quando iniciamos e acho que vamos continuar, maldição do seis?
Yo no creo en brujerias, pero que las hay, las hay.
Mas vamos lá, vou apresentar a turma a vocês: 

1º encontro de 2012: 10/03/2012.
Nossa! Nunca foi tão difícil reunir a turma, as férias já tinham  ido, todos já estavam com suas vidas ajeitadas, mas horario e dia pra encontrar não dava.
Combinei com a Marinês, seria naquele sábado or never. Livros:  os de Jô Soares que lemos nas férias, alguns leram Xângo de Baker street, outros assassinatos na academia. Li assassinatos na academia, já tinha lido O Xângo. Adorei os dois, mas fiquei fâ mesmo foi do Xângo de Baker street, quanto mais leio os livros de Jô, mais gosto do Xângo de Baker street. Comentários seriam on line mesmo, no mundo virtual, já que no real estava difícil.
Dois novos participantes, ou melhor três. Cleverson, sua esposa Aline e Artur de apenas dois aninhos. Menino de futuro. Já escutando altos papos sobre leitura desde a mais tenra idade. Pena que só puderam participar de uma reunião. Enfim.
Para combinar com tudo isso um jantar à brasileira: arroz carreteiro a moda da Marinês claro e feijão com lingüiça. Quer mais ou tá bom pra começar? Caipirinha e cerveja, não podia faltar. Sobremesa: pé de moleque, feito com leite condensado e doce de batata doce com calda. Um cardápio bem brasileiro para combinar com Holmes e Watson a la Jô Soares.

Da esquerda para a direita: Cleverson, Aline, Marinês e Gilberto.

Foi um encontro super proveitoso com sugestões de livros que poderemos ler adiante e de um site de sebo online, excelente: estante virtual. Nós que moramos aqui nos confins de Mato Grosso do Sul recebemos tudo direitinho. Confissão: deu um medo danado.
Abaixo as guloseimas de dar agua na boca.
 

DEGUSTAÇÃO E LEITURA: UM PRAZER E UMA AVENTURA

Agora sim, iniciamos o blog. Este ano o que fizermos estará aqui, postado para nossas
 futuras gerações.

Decamerão de Boccaccio


O vocábulo é de origem grega: Deca do grego antigo que significa dez e hemeron que quer dizer dias ou jornadas.
2013, novas discussões do clube do livro. Primeiro livro deste ano: Decamerão de Giovanni Boccaccio o qual é considerado um dos três mestres da literatura italiana, ao lado de Dante (o qual Boccaccio foi um grande estudioso da obra - A Divina Comédia) e Petraca.
A obra, uma coletânea de 100 novelas, tem como pano de fundo a peste negra que assolou Florença em 1348. As cem novelas movem-se entre os temas da cortesia, da cavalaria, da narração da lúbrica aventura noturna; entre o mau cheiro de certos ambientes de miséria, a mofa criminosa e as virtudes sublimes que vão desde a primeira jornada até a ultima.
Dez jovens: sete moças e três rapazes se encontram na igreja de santa Maria Novella e buscam refúgio em um castelo fora da cidade de Florença, devastada pela peste negra e passam esses dias em uma vila perto de Mugnone, em um ambiente utópico. Vivem como se a vida fosse uma eterna festa livre dos dogmas da igreja.
Por meio do riso, na direção contraria da igreja, Boccaccio retrata o gesto considerado profano. A cabeça está ao lado do espírito, o ventre do lado da carne. O riso vem do ventre, parte má do corpo, portanto proibido pela igreja.
Muitos são os escritores que beberam desta água, só para mencionar alguns: a 1ª novela (o falso São Ciappelleto), Molière a usou para criar o personagem título de sua obra: Tartufo; a 3ª novela (a parábola dos anéis), Jonathan Swift (Viagens de Gulliver), utilizou a história para Tales of Tub; O Mercador de Veneza de Shakespeare teve clara influencia da 9ª novela da 3ª jornada; Molière usou a 3ª novela da 3ª jornada como base para suas peças teatrais e Antonio Vivaldi escreveu a ópera Griselda sobre o argumento da 10ª novela da 10ª jornada.
 Confessamos: a obra não é fácil de ler. O inicio é truncado, difícil mesmo, parece querer fazer você desistir. “Sua incompetente, quem você pensa que é?” é a pergunta que tenho a impressão o autor nos faz. Mas a gente tenta, se esforça, agarra daqui, dali e vai. Às vezes não conseguimos entender uma história, seja pela tradução (de Torrieri Guimarães, que, aliás, é ótima), seja pelo contexto, falta conhecimento suficiente da minha parte para entender tal momento histórico. Você volta, relê, e aí? Ficamos na mesma. Deixa pra discutir com o grupo e percebe que não foi só você que não entendeu. Serão 100 histórias, então não se aborreça. As melhores confesso ficaram da 7ª jornada em diante e algumas são bem tristes e maldosas, como a história de Griselda.
A solução foi dividir as jornadas e cada um contar a história ou histórias que mais gostou como se contava causos antigamente. Quando eu era criança, meus avós costumavam reunir-se à mesa após o jantar para contar-nos causos e eram uma delícia esses momentos.
As histórias são pregadas de sexo, afinal este está associado à cultura e a sociedade desde o inicio dos tempos, embora muitas vezes submetido à censura por ser considerado pecaminoso, daí ser Decamerão o index librorum prohibitorum da igreja na idade média. Mesmo assim cinco séculos depois, copias do Decamerão foram destruídas por autoridades dos Estados Unidos e da Inglaterra entre os anos 1954-58.
O prefácio é dirigido às mulheres, público feminino carente de prazer, àquelas que experimentaram o amor, indicando o valor simbólico desse sentimento capaz de criar vida diante dos horrores da peste. A sua forma e estrutura nos remete as Mil e uma noites. Tal como Sherazade conta uma história para viver mais um dia, cada uma dessas crianças, tenta também viver um dia a mais com suas histórias.
Em cada conto, o leitor testemunha o confronto entre os vícios e as virtudes da humanidade por meio de personagens e situações que mostram heroísmo, sacrifício, tolice, inteligência e modéstia. O tema abordado é: fortuna, amor, inteligência que são as três forças da obra, se junta a eles: fornicação, adultério, estupro, sodomia, masturbação, incesto, considerados pecados pela igreja e crime pelas leis civis.
Boccaccio utiliza-se da literatura erótica (com base em um ideal de amor ou vida social) e não da pornografia (descrição puramente do prazer carnal). Há fragmentos eróticos em várias histórias, como em Dom Quixote de Cervantes; Ulisses de James Joice; Satiricon de Petronius Arbiter (mais tarde, filme de Federico Fellini); na Inglaterra, século XVIII Fanny Hill de John Cleland, mais tarde adaptado para o cinema; na França, Laura’s education do conde de Mirabeau; no final deste século o tema do sado-masoquismo explorado pelo marques de Sade em obras como Justine; na era vitoriana, até Dickens se embrenhou pelo erotismo; em 1870, a novela erótica Venus Castigada do austríaco Leopold van Sacher Masoch, trouxe repercussão mundial sobre o tema do masoquismo e no século XXI, atualíssimas as trilogias, 50 tons de cinza da inglesa ELJames e Toda sua de Sylvia Day estão entre os mais lidos.
Tivemos também a chance de ver ao filme italiano (Il Decameron) de Pier Paolo Pasolini de 1971, mostrando-nos um realismo grotesco, por meio das imagens da comida, bebida, satisfação do desejo sexual e aquisição de bens materiais, inadequado para menores de 18 anos. O filme, aliás, faz jus a obra, é um retrato perfeito da idade média, porém há que ler as historias, senão não se entende do que se trata, pois não há explicação de como ou porque as histórias iniciaram.
Aqui vão as mais interessantes, na nossa humilde opinião e claro se vocês discordarem ou quiserem acrescentar mais alguma, este é um texto democrático.
1ª jornada – 1ª novela – a rainha Pampinéia propõe temas que porão em dúvida a santidade
Um homem materialista e sem escrúpulo, confessa o contrário no leito de morte e vira santo.
1ª jornada – 4ª novela
Um monge mantém relações com uma jovem até que o abade os vê, provocando a inversão dos fatos, o abade também é pego no mesmo pecado e isto tira a possibilidade de punir.
2ª jornada – 10ª novela – a rainha Filomena pede que contem sobre pessoas que perseguidas por todo tipo de adversidade, conseguiu superar-se.
Um juiz idoso ao se casar com uma jovem tenta impor uma metodologia do sexo no casamento ao definir os dias de trabalho (sexo) 1/semana aos de descanso 6/semana. Raptada por um pirata que lhe da tudo que quer no sexo, adivinha com quem ela fica?
3ª jornada – 1ª novela – após terem-se instalado num outro palácio a rainha Neífile pede que as histórias versem sobre aquilo que muito se deseja e finalmente é alcançado ou que depois de perdido, se recupera.
Maseto ao ouvir uma conversa no trabalho sobre as abadessas fingi-se de mudo e torna-se hortelão do convento, passando assim a desfrutar da disputa das freiras para tê-lo em sua cama.
3ª jornada – 10ª novela
Alibeque decide servir a Deus e se põe a prova. Entretanto a tentação aparece. Alibeque se despe e pede à moça que também o faça para explicar que ele possuía o diabo e ela o inferno e como o diabo é inimigo de Deus e o serviço que o homem presta a Deus é reenviar o diabo ao inferno.
4ª jornada – 1ª novela –o rei Filóstrato pede que o tema seja sobre os amores que tiveram um final feliz.
Tancredo, príncipe de Salermo, mata o amante da filha; e lhe envia o coração dele numa taça de ouro. A filha coloca veneno na taça, junto ao coração do amado e morre. Sem dúvida uma história cruel.
5ª jornada – 6ª novela –a rainha Fiammetta pede que contem sobre as pessoas que tendo amado encontram ventura.
Gianni é achado com uma moça que ele ama, porém esta fora prometida ao rei Frederico; por causa disso é condenado a morrer na fogueira, junto com ela. Amarrados nus a um poste em praça pública é reconhecido por um amigo que pede seu salvo conduto junto ao rei. Se salva e faz-se esposo da moça.
5ª jornada – 4ª novela
Onde é atribuído outro sentido a palavra rouxinol. Uma moça, filha única de boas condições, apaixona-se por um jovem que trabalha para o pai. A moça tem a idéia de queixar-se do calor e pede para dormir na varanda onde é mais ventilado e se pode ouvir o rouxinol. Pela manha é pega pelo pai, nua com a mão no rouxinol (metáfora para o órgão sexual masculino).
6ª jornada – 10ª novela – a rainha Elisa pede que digam sobre aqueles que rapidamente respondem a uma situação de perda, perigo, ou ridículo com uma única frase, invertendo a posição de desvantagem em que se achavam
Promete o frade Cipolla a certos camponeses mostrar a pena do anjo Gabriel; no lugar ele encontra carvão; e declara que os carvões são os que assaram São Lourenço.
7ª jornada – 2ª novela – o rei Dionéio quer que se fale dos enganos que por amor ou para salvar a si mesmas, as mulheres já praticavam contra seus esposos
O incidente de uma esposa que estava tendo um caso com o amante quando o marido volta mais cedo para casa. Coloca o amante numa barrica, mas esta tinha sido vendida pelo marido, sabiamente, ela diz que conseguiu mais.
7ª jornada – 3ª novela
Deita-se o frade Rinaldi com a comadre e o marido encontra-o na alcova com a mulher, esta o convence que estava lá a encantar os vermes do afilhado.
8ª jornada – 7ª novela – a rainha Laurinha quer que a conversa seja sobre as burlas que praticam os homens entre si ou as mulheres contra as outras e vice versa.
Esta é cruel. Um estudante apaixona por uma viúva que já tem um amante. Esta o deixa esperando por ela na neve a noite toda, como vingança, em pleno verão, o estudante a faz ficar um dia inteiro nua, sentada no alto de uma torre, exposta às moscas e ao sol. O Conde de Monte Cristo é fichinha aqui em matéria de vingança.
·         Sem contar as histórias de Calandrino, Bruno e Buffalmacco, pra mim os verdadeiros Três patetas.
9ª jornada – 3ª novela – a rainha Emília pede que cada um conte o que quiser.
Olha a os três patetas de volta aí. Por insistência de Bruno, Buffalmacco e Nello, mestre Simão induz Calandrino a pensar que está grávido. Vale dar uma lida, muitas risadas.
10ª jornada – 9ª novela – o rei Pânfilo quer que se fale daquele que tenha agido com generosidade, movido pelo amor ou outro sentimento.
Em trajes de Mercador, Saladino recebe a homenagem do senhor Torello. Faz-se a cruzada. O senhor Torello é preso em terras de Saladino. Este o reconhece, presta-lhe muitas honras e o devolve as suas terras.
Sem contar a décima novela que é a história de Griselda que inspirou a ópera de Vivaldi. Aí sim estava Amélia, àquela da canção, lembraram? Triste, porém linda história.
E depois de toda esta discussão, nada como uma refeição italiana em homenagem à Boccaccio. Nossa noite terminou assim:
Entrada: antepasto de berinjela, escabeche de abobrinha, coalhada síria, alcachofra em conserva, mortadela defumada acompanhada do melhor pão italiano e um bom Lambrusco branco.
Jantar: salada capresi ao molho de mel, espaguete ao alho e óleo, bolonhesa e molho branco, cordeiro com mel e gengibre ao molho de frutas vermelhas e alho assado. Tudo acompanhado de um lambrusco tinto.
Sobremesa: café com sorvete de creme e palha italiana.
 Como me pediram, aí vai a receita da palha italiana, super fácil: unte um pirex com margarina, faça uma receita de brigadeiro, reserve e quebre em pedacinhos uma parte de bolacha maisena. Quando o brigadeiro estiver no ponto, dando pra ver o fundo da panela, acrescente aos poucos a bolacha e continue a mexer até incorporar o brigadeiro. Passe para o pirex, corte em quadrados, deixe esfriar. Passe os quadrados no açúcar de confeiteiro e sirva.

Marinês uma das nossas participantes do clube me contou que já comeu com amêndoas por cima, deve ser maravilhoso, né? Experimentem e me contem.
Fim da discussão sobre o Decamerão. Próximas leituras: o Cortiço de Aluísio de Azevedo e A Carne de Júlio Ribeiro.
Até fim de abril se Deus quiser.
Dôra Arsiolli.
Este texto teve como fonte de pesquisa:
·         Wikipédia
·         O feminino e o riso no Decamerão. Ana Carolina Lima Almeida. Disponível online.
·         O Decamerão de Jorge Furtado. Vanessa Fernandes Queiroga Pita. UFPA. João Pessoa. 2012. Idem.
·         Estudos de Paula Regina Siega. Revista Alea; vol. 14, n 2. RJ 2012. Disponível no SCIELO online.