segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Uma aventura e tanto para uma reunião


Depois de três meses esperando o conserto de minha antiga geladeira, que nem era tão antiga assim, recebi a noticia de que teria que comprar uma nova. Ok, geladeira comprada, mais 40 dias até chegar. Tá ficando difícil. Em um mundo onde as pessoas ficam conectadas praticamente 24 horas, esperar três meses por um conserto ou uma geladeira já é demais.
Enfim, não podemos reclamar, afinal, habemos um papa argentino (nem tudo é perfecto, desculpe-me não pude perder a piada), habemos também geladeira. Então hora de decidir o cardápio. Onde vamos juntar o refinado gosto Francês com o fast food americano. É isso aí, fast food, quem diria rendi-me.
Lembram-se dos contos com o tema quatro pães e uma cebola. Deram-me uma ideia maravilhosa. Junto com essa ideia tive outra de igual importância. Lendo sobre a vida do Marquês de Sade, na revista Gula, edição 245, descobri que nas mesas do marquês nunca havia pão.
 A razão é que o pão é o emblema da virtude, da religião, da moral e do trabalho. Tudo a que o aristocrata se opunha. Na mesa de Sade, os rituais eram longos, cheios de passagens, ali se decidiam muitos dos jogos sexuais seguintes. O Marquês de Sade era um libertino pervertido que ganhava a vida à custa da França.
Foi assim que na contramão de Sade, resolvi servir justamente pão e cebola. Esses dois ingredientes juntos formam uma sopa francesíssima: a sopa de cebola e pra agradar os melhores paladares americanos, BBK (barbecue – churrasco) de hambúrguer. Tudo homenageando aos trabalhadores da Voreux ou na tradução da Voraz, a famosa mina de carvão da história de Zolá.
A ideia era juntar o mínimo de coisas para se lavar depois, o washing- up a que os americanos se referem. Você não tem talher, nem pratos para lavar. Os hambúrgueres são servidos diretamente no pão, ficando apenas os pratos sopeiros para lavar. Mas não esqueça que você está no Brasil, então sempre terá alguém para te pedir um garfo aqui, uma faca ali, um prato extra acolá, mesmo a gente fazendo cara de pouco agrado.
O brasileiro, acostumado a ter domésticas, ou alguém que lhes faça o serviço, a não ajudar com essas atividades em casa e na casa dos amigos, terá que acostumar-se a virar-se sozinho, pois está cada vez mais raro e caro encontrar este tipo de serviço. Então vamos incorporando o American way de viver.
Assim a noite correu, entre o conto de Edgar Allan Poe, hambúrgueres, Germinal de Zolá e uma deliciosa sopa de cebola. Acreditem em mim, nem gosto de cebola tem, até aqueles que não a comem, provam e adoram. É simplesmente “dos Deuses”, principalmente para uma noite de inverno. No próximo post, você terá a receita da sopa. Para os hambúrgueres, eu assei na churrasqueira e servi-os com alface, rodelas de tomate, ketchup e mostarda. É isso pessoal.

Uma aventura e tanto para uma reunião
By Maria Auxiliadora