terça-feira, 21 de maio de 2013

Papagaio come milho, periquito leva fama






“Ai, morena, não fui eu que dormi na sua cama
   Papagaio come milho, periquito leva fama.”
By Maria Auxiliadora


Comecei com este versinho porque acho que a comida Baiana leva mais fama que a mineira. Calma. Sou neta de baiano e adoro essa comida, não vim me desfazer de nenhuma delas. Mas investigar é preciso. Uma coisa é certa a comida baiana certamente encontrou vasto espaço pelo Brasil, mas acho que a mineira também tem sua identidade brasileira.
Na revista Gula (edição 242, 2013) no texto de Mauro Marcelo Alves, ele afirma que “quem viaja pelo país garante que a cozinha mineira está presente em quase todas as capitais.” Verdade seja dita, as duas encontram suas versões Brasil adentro.
De acordo com os estudos no livro 500 anos de sabor, no nordeste assim como em São Paulo as refeições no século XVII e XVIII eram à base de milho, mandioca e seus derivados. Assim, difícil dizer se a comida baiana ou apenas a mineira possa ser representante da comida brasileira. È que sendo o Brasil um país tão vasto e de tão diferentes relevos, esta cozinha baiana certamente não teria chegado ao centro do país tão facilmente.
O que quero dizer é que a comida levada pelos bandeirantes Brasil adentro para se chegar as famosa minas é provavelmente a mais brasileira de todas. Foram eles, os bandeirantes, que no lombo de burros e carregando mantimento que sobrevivesse àquela selva trouxeram a mais brasileira das comidas.
Até o final do século XVII, começo do século XVIII, o Brasil não passava, para os descobridores de um extenso litoral do qual ninguém se aventurava a deixar com medo dos índios e da selva.  Até que alguns portugueses começaram a se aventurar por conta própria, sem autorização de Portugal: nasciam as bandeiras.
 A primeira partiu de Piratininga, SP, 1602. Uma das mais famosas bandeiras, a de Raposo Tavares percorreu grande parte não só do Brasil, mas da América do sul, chegando até o Peru, já a bandeira de Nicolau Barreto, formada por índios, mestiços e brancos, chegou até o Paraguai e a Bolívia.
Mas, história a parte, vamos falar de comida. Lembramos isto porque queríamos decidir o cardápio da discussão dos livros O Cortiço e A Carne de Julio Ribeiro, dois representantes do naturalismo brasileiro.
No primeiro, a história se passa no Rio de Janeiro, no segundo em uma fazenda no interior de SP, Paranapanema. Em A Carne, quando há relatos de comida, estes são de caça. Nada feito, somos todos a favor do IBAMA, vamos preservar nossos bichos. No segundo, a cozinha brasileira tomou conta da Portuguesa e encheu a mesa no Cortiço, então nada mais justo do que preparar nossos quitutes.
Discussões aqui e acolá decidimos: juntamos a comida baiana, presente na mesa de O Cortiço e o feijão tropeiro, parte dos embornais dos bandeirantes e mineiríssimo por sinal.
A noite ficou por conta de uma moqueca (Baiana) de Cação em homenagem ao nosso nordeste, preparada pela Marinês, salada de agrião e laranja, arroz branco e feijão tropeiro (Minas), nada mais rural, em homenagem a São Paulo, Minas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Sobremesa venceu a brasilidade: bolinho de fubá a Romeu e Julieta, bom-bocado a moda da minha mãe e os conterrâneos não podiam faltar: rabanadas, bem portuguesas. Tudo regado com muito carinho que é o melhor tempero.
Confira no próximo post as receitas dos preciosos quitutes.

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