sexta-feira, 24 de maio de 2013

Comentários e discussões sobre O Cortiço e a Carne.



Comentários e discussões sobre O Cortiço (Aluisio Azevedo) e A Carne (Julio Ribeiro).

Seguindo a ordem das leituras, comecei pelo que mais agradou: O Cortiço. Como é bom reler um clássico. Os clássicos são aqueles livros dos quais se ouve dizer: “estou relendo ... e nunca estou lendo ...” você tem sempre uma nova leitura e a história de Bertoleza e João Romão transcende o tempo e é super atual.
Fui transportada para o morro do Alemão, coincidência com a novela Salve Jorge da rede Globo? Pode ser, mas eu também adoro viajar na imaginação.
Bertoleza acredita cegamente em João Romão e lhe dá todas as suas economias em troca de sua alforria. Trabalha para ele de sol a sol, tornando-se sua escrava e amante, a famosa mulher-objeto. Quando esta não lhe é mais útil, João a despreza, procurando um casamento mais vantajoso com a filha de Miranda.
O livro mostra quantos canalhas podemos encontrar vida afora e o que a ironia do destino nos reserva. Este mesmo livro, como disse Lucimar: “cheio de força feminina”, mostra a nós mulheres que não devemos nos descuidar nunca. É o DETERMINISMO, teoria segundo a qual o homem é o que é pelo meio que vive e isso explica suas decisões e comportamentos.
 É isso mesmo, falo de nós, mulheres, não de mães zelosas, donas de casa cuidadosas. Falo do nosso lado feminino. Está difícil ser “Amélia”?  Mas vamos ter que enfrentar como diz Marinês: “Trabalhar fora, cuidar da tarefa do filho, bater um bolo e ainda ser mulher.” Avante, nós conseguiremos. È preciso não deixar que a fraqueza tome nosso estado de espírito e nos leve a um final ingrato como o foi de Bertoleza. Ao descobrir sua falsa carta de alforria, sem dinheiro e sem amor, Bertoleza dá fim a própria vida.
João Romão suporta todo tipo de provação para ascender socialmente. Seus meios para este fim era mentir, roubar, explorar os outros, aproveitar dos trabalhadores e de Bertoleza. Não vamos nos esquecer que tipos assim, que roubam, aproveitam da ingenuidade do outro e se apoderam de suas riquezas na maior cara dura, o mundo está cheio. Gente com este tipo de talento sai da ficção, está a toda hora cruzando nosso caminho, é preciso ficar atento.
E temos também a ironia do autor, muito bem lembrado por Rayc. Quando os policiais entram na casa de João Romão para requerer a suposta escrava “Fugida”, os abolicionistas entram na sala para dar a Romão uma espécie de premio, um diploma de sócio benemérito. Eta vida besta.
E contamos com a admiração de Fabiano que ao contar aos avós que soube que O Cortiço, ele mesmo é um forte personagem, com vida própria, que acorda, agita, trabalha encantou não só a essa criança de 11 anos, mas a todos nós. Mostrando-nos uma nova perspectiva.
A Carne, oh livro para deixar a gente nervoso. Você não sabe se o final é romântico ou naturalista, afinal como disse Rayc, Barbosa era bem grandinho pra enfrentar seus problemas e não tomar veneno no final.  Porém, temos a perspectiva da Marinês: somente após ter cometido suicídio, Barbosa foi capaz de reconhecer o verdadeiro amor: o dos pais.
O suicídio é visto como fraqueza sem precedentes. Para Bertoleza, talvez fosse viável, negra, com uma falsa carta de alforria, suas perspectivas eram muito poucas, mas Barbosa, um homem criado, cheio de amantes, divorciado é o fim.
Ainda assim me pareceu um final romântico como em Os sofrimentos do jovem Whether de Goethe. Era este o livro que eu queria me lembrar e não conseguia de jeito nenhum. Embora o tempo todo você perceba o amor animal. O amor de Lenita e Barbosa é um como estar no cio. Você é capaz de sentir o amor carnal dos dois e aí você não consegue deixar de ler até o final mesmo se decepcionando. Lenita cai do salto, se vê sozinha e grávida. Naquela época o que lhe restaria? Correr atrás de um marido que a quisesse, como fez, ou cair na prostituição? Afinal em 1888, o que restaria a uma mulher?
A Carne é um hino “zolista” com exageros da paixão, brutalidade das criaturas, grosseria das palavras e dos gestos. É os 50 tons daquela época, do século XIX, uma obra comprometida pelo tom escandaloso e atrevido, exuberantemente selvagem.
É isso, e assim partimos para nossos próximos livros: Germinal de Émile Zola e o conto de Edgar Allan Poe, Assassinatos na Rua Morgue.
 Até mais, Maria Auxiliadora.

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