quinta-feira, 25 de abril de 2013

Crônica 1 - O médico

   Médico – o terrorista das crianças
      by Leon Espindola Nozaki. 
    - Vamos para o médico, filho. – a mãe diz.
    Dito isso, ele percebe que é o seu fim. A mãe o arrasta contra sua vontade para as garras impetuosas do seu inimigo, ele, o terrível, doutor Marcelo. Ele se debate, luta, esperneia, tenta com todas as forças que um menino de cinco anos pode ter. Mas, por fim, ele é enfiado no carro. Ele chora, pede por piedade para sua mãe, mas aquele rígido coração de ferro apenas repreende, sem sensibilidade.
    - Pare de fazer drama! É só um médico! Vai ser rapidinho! Depois, te pago um sorvete, tá?
    Mas ele sabe que não sobreviverá até lá. Ele se debate e continua implorando, mas em fim chegam ao covil maléfico, a Clínica Boa Saúde. Sua mãe entra e conversa com uma bruxa na recepção, que dá a ele um veneno em forma de bala. A bruxa sorri e tem ar gentil, mas ele sabe que ela tem um coração rude. Ela aponta para uma máquina. Sua mãe vai até lá e pega um papel com um número: 204. É o número da morte do menino. Ele em vão tenta novamente escapar do trágico destino que o espera, mas sabe que é inevitável. De repente, um barulho, como uma campainha. O menino vê um número brilhante, 204, e sabe que chegou sua hora.
    Ele entra em uma caverna comprida, e em uma sala, que tem uma plaqueta: Dr. Marcelo Pinheiro da Cunha. O menino e sua mãe entram no covil do mal. A visão é pavorosa. Uma máquina de tortura num canto. Um objeto de morte, parecido com uma cama, em outro canto. Fotos de pessoas executadas nas paredes. E o pior de tudo, no final da tenebrosa sala, um homem sorri e olha para eles: o terrível, doutor Marcelo. Ele pega o menino e o põe na máquina de tortura.
    - 25 quilos. – o torturador exclama.
    Mas ele não se dá por satisfeito, tira uma foice do objeto e o põe em cima da cabeça do menino, que, aterrorizado e impotente, só observa.
    - 1 metro e 11! Bom! – ele diz.
    Ele põe o menino, sentado, no objeto de morte e tira uma coisa de uma caixa. O menino reconhece o objeto misterioso, e se desespera. É um temível, horrendo, incrivelmente torturante, estetoscópio. O médico não tem dó, passa o objeto pelo peito do menino enquanto diz:
    - Humhum, humhum.
    Depois, ele pega outro objeto. Porém, este produz luz. Ele enfia o objeto nos ouvidos do menino. Ele continua com seu bordão do mal:
    - Humhum, humhum.
    Ele, por fim, diz.
    - Está tudo bem, dona Florence. Só vou aplicar uma injeçãozinha.
    O menino conhece a palavra. Se ele, incrivelmente, resistiu até então, não resistirá mais. Marcelo tira outro objeto: a Agulha da Morte.
    - Não vai doer nada.
   Puro sacrilégio. Ele grita, não, gritar é pouco: ele berra tamanha tortura que lhe é aplicada.
    - Pronto! Dona Florence, vocês já podem ir.
    O menino sai do escritório maléfico e entra de novo no carro, satisfeito e feliz por ter sobrevivido a mais uma visita ao médico.
    E então, eis o prêmio. Param em uma sorveteria, para comemorar a vitória.
    Meses depois, o menino está brincando, e a mãe anuncia:
    - Vamos para a dentista, filho. – a mãe diz.
    Dito isso, ele percebe que é o seu fim. A mãe o arrasta contra sua vontade para as garras impetuosas de sua inimiga, ela, a terrível, doutora Marilena.

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