terça-feira, 30 de julho de 2013

Segunda versão para "Quatro pães e uma cebola", by León e Ana Lucia

Quatro pães e uma cebola
    – Hmm... Vejamos... Leite condensado... confere.... Tomate... confere... Quatro pães e uma cebola... Quatro pães e uma cebola? COMO ASSIM?
    Havia muito estava no hipermercado, comprando frutas, legumes, produtos de limpeza... Sua mulher cismara em dar uma estocada na casa, mesmo sendo domingo.  Ele passara quatro horas e meia procurando aquele hipermercado, pois, além de ser domingo, era domingo de Páscoa: todos emigrando e imigrando felizes da vida naquela cidade denominada São Paulo. Para chegar a um mercadinho de esquina, uma hora. Hipermercado que funcionava domingo de Páscoa? Pegue um avião meu filho! Ele ainda processaria Jesus por ressuscitar num domingo. Justo no domingo de jogo! Por causa disso, lá estava ele, vendo a lista de compras que sua mulher havia escrito, parado no hipermercado às seis horas da tarde, meia hora para ele fechar, e momento em que achara que poderia voltar, lá estavam as pragas dos pães e da cebola escritos na lista.
    – Onde raios ficam os pães? Ah céus, acho que estou perdido! E agora, o que vou fazer? Agora não, celular maldito! Não vê que tenho coisa mais importante a fazer?
De fato, ele metesse a cara em casa sem os pães (e a cebola, que seja) ficaria encrencado. Ele precisava achar a cebola e os pães antes do hipermercado fechar.
    – Setor de eletrodomésticos... Uh, que fogão bacana... Foco!... Setor de papelaria... Até que não está tão caro... FOCO!
    Ficaria tão encrencado quanto naquela vez em que chegou sem a quentinha do restaurante, ah... “COMO ASSIM ESQUECEU NO RESTAURANTE?” “Esqueci querida, esqueci...” “VOCÊ SABE QUANTO CUSTOU AQUELE TRECO?” “Sei sim, querida, fui eu que paguei...” “VOCÊ ACHA QUE SE PODE DESPERDIÇAR DINHEIRO DESSE JEITO AQUI EM SÃO PAULO?” “Não querida, não acho...”
    – Ufs pufs... Ahá! Achei os senhores, heim? Quatro pães... confere! Peraí, FALTA A CEBOLA! Secundária de uma figa! O que eu faço agora? Setor dos... cebola é o que? Setor que tem as cebolas, que seja! Avante!
    Cebolas eram o que? Agora ficara a dúvida. Vegetal? Não parece. Fruto? Talvez. Extraterrestre? Pode até ser... Mineral? Óbvio que não, não é? Não é?
    – Moço por favor... Senhora, onde... SENHOR! ISSO, VOCÊ! ONDE FICAM AS CEBOLAS?
    Setor vegetal! Ótimo! Ali! Dá até pra ver! Ele vai conseguir! Ele vai conseguir!
    – EU VOU CONSEGUIR! EU VOU CONSEGUIR! EU...
    Do nada, surge uma funcionária, que barra seu caminho.
     – COMO ASSIM JÁ VÃO FECHAR? AINDA É CEDO! NÃO! EU PRECISO DE UMA CEBOLA! EU PRECISO! É UMA QUESTÃO DE VIDA OU MORTE! NÃO! NÃO!
    Até que o curso de teatro estava ajudando. Mas a funcionária, sem piedade, o expulsou. Pelo menos eu levei os quatro pães, pensava. Ele fora histérico. Não podia dizer que não tentara. Pelo menos estava vivo. Ugh. Mais duas horas para voltar. Ugh. Definitivamente ugh.
    O trânsito não estava tão ruim. Chegou cabisbaixo, esperando a bronca quando...
    SURPRESA!!!!!!
    Todos seus parentes, amigos e vizinhos fizeram o maior alvoroço. SURPRESA! MEUS PARABÉNS! etc., etc. Era incrivelmente incrível. Ficara tão preocupado com os pães e a maldita cebola que havia esquecido seu aniversário! E lá estavam todos, reunidos, desejando parabéns e blá blá blá, usando até chapeuzinhos com um :P (muito embora ele não soubesse o que significava um :P)!
    – Oi Bill! Cortou o cabelo? Oto! Como vai?! Oi! Bom te ver também, Melissa! Que incrível isso, mulher! Como você fez isso sem eu notar? As compras? PRETEXTO?
    Ninguém entendeu porque ele terminou a festa tão cedo; mas ele expulsou todo mundo, sentou-se na poltrona e dormiu o resto do dia.

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